Além do privilégio de cumprir sua condenação a prisão por corrupção e lavagem de dinheiro em uma sala e não em uma cela, na sede da Polícia Federal em Curitiba, com direito a banho quente, TV e até esteira para se exercitar, o ex-presidente Lula recebe outro mimo: o resumo do noticiário do dia em um pen drive, que ele acessa em sua televisão com entrada USB. A informação é do correspondente da revista semanal alemã Der Spiegel, Jens Glüsing, na abertura de entrevista com o presidiário publicada neste sábado (8).
Simpático ao político condenado duas vezes por ladroagem, como é corriqueiro em entrevistas do gênero autorizadas pela Justiça, o repórter alemão trata Lula como “Sr. Presidente” e não questiona mentiras do petista como a de que foi condenado pelo ex-juiz Sérgio Moro “sem provas”. O político (que certa vez se divertiu, em vídeo, contando como costumava mentir a jornalistas europeus) e seu entrevistador sonegam do leitor que a condenação de Moro foi confirmada em outros tribunais e que ele foi derrotado em uma centena de recursos avaliados por inúmeros magistrados diferentes, em várias instâncias.
O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, durante entrevista recente à Rádio Bandeirantes, estranhou que a defesa de Lula jamais tenha contestado as provas abundantes que constam do processo, mas isso não interessou a correspondentes estrangeiros em geral simpáticos ao presidiário ilustre.
Na entrevista a Der Spiegel, Lula repete velhas lorotas e sua teoria da conspiração favorita: foi vítima de um plano sinistro que o condenou para favorecer a candidatura presidencial de Jair Bolsonaro anos depois, considerando como “prova” dessa mentira o fato de Moro ter sido nomeado ministro da Justiça e ainda ser dado como ocupante de uma futura vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
Feito milionário pela corrupção e apesar de haver confessado acumular a fortuna de R$56 milhões, Lula faz pose de pobre, diante do crédulo entrevistador, e volta a utilizar o velho recurso de culpar a “elite brasileira” por “não aceitar a ascensão dos pobres”.
“Eu carrego minha cruz, mas os pecados foram cometidos por outros”, diz o corrupto condenado, sem mencionar quaisquer dos oito processos, todos com provas testemunhais e documentais abundantes, incluindo a confissão de corruptores como Marcelo Odenrecht e de cúmplices como seu ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.
Lula se excede, durante a entrevista, ao afirmar que “não há partido na história brasileira que tenha criado mais instrumentos para combater a corrupção do que o PT”, uma frase que ficaria melhor na boca de humoristas de stand up comedy.