70 anos.
Não é um número qualquer. É um número mágico, redondo e carregado de histórias para qualquer um que consiga chegar lá, não importa a profissão.
Mas chegar lá como ídolo de um país faz uma diferença danada e são poucos que conseguem a façanha.
Roberto Carlos explodiu com suas baladas românticas retratando um tempo que não existe mais. Mas suas letras e rimas são cada vez mais atuais.
“O ronco barulhento do seu carro’ foi substituído por motores potentes e silenciosos e nem assim deixam de causar arrepios que quem viveu com o escapamento aberto ou anda de ônibus e metro.
‘Detalhes tão pequenos de duas pessoas’ sempre vão existir, não importa se na praia, na roça, na balada, no luxo ou na comunidade mais pobre.
Mesmo depois de inventado o termo ‘ficar’, mesmo depois que ‘ser’ ficou mais importante que ‘ficar’, Roberto sempre estará “sentado à beira do Caminho’.
Roberto passou pelo ‘boom’ sertanejo, enfrentou o samba cadenciado e mais exaltado, disputou com as guitarras mais loucas e ardidas do rock pesado, não se abalou com o crescimento do gospel e aos 70 anos continua provocando suspiros, ‘Outra Vez’ e mais uma e sempre.
No Brasil carente de ídolos, Roberto é filho, pai, amante, irmão, conselheiro e alguém que sempre estará por perto nas boas e más horas, mesmo para maridos que contemplam as apresentações do Rei com suspiros e olhos marejados a cada ‘Detalhe’.
Roberto é ídolo sem ter ‘se repaginado’, sem ter ‘se reinventado’, sem ter se jogado em qualquer outra onda que não fosse as suas letras simples e que tocam os corações do povo.
Ao contrário, os sertanejos o reverenciaram nas gravações, a ‘República do Dendê’ estendeu tapete vermelho para suas “breguices” e tantos outros ritmos sucumbiram diante dele, do maior de todos.
Ele diz que apenas canta, não sabe ser Rei.
O verdadeiro Rei é assim. Não impõe, conquista. Não se sente e não julga. Apenas encanta.
Parabéns Roberto setentinha e votos que você dure para sempre.