UM PODIA, NÃO QUIS; OUTRA QUER, NÃO PODE…

Por Carlos Chagas
Lula podia evitar a corrupção, e não quis, e Dilma quer, mas    não pode. Os oito anos de leniência praticada pelo ex-presidente rendem agora  frutos  no governo Dilma. Querer, ela quer, mas não está podendo, ao menos  como desejaria. Insurgem-se os partidos da base parlamentar oficial, com o  PMDB à frente, chantageando o palácio do Planalto com greves na Câmara e ameaças à governabilidade. Quem abriu as portas para o partido que outrora derrubou a ditadura e agora derruba a ética? Com todo o respeito, foi o próprio Lula. Aceitou, ou melhor, estabeleceu as regras do jogo, permitindo que os partidos que o apoiavam ocupassem fatias da administração federal como se fossem capitanias hereditárias. Por isso, em vez de dispensar Wagner Rossi do ministério da Agricultura, a presidente da República obriga-se a renovar-lhe confiança e prestígio. Com o ministro do Turismo é só um pouquinho diferente: a lambança agigantou-se quando a pasta era administrada pelo PT e estendeu-se ainda mais ao ser   entregue ao PMDB. Pedro Novais tem atrás dele José Sarney, como Wagner Rossi dispõe do vice-presidente Michel Temer.

Fazer o quê, no caso de Dilma Rousseff? Afinal, o ministério  foi-lhe  em grande parte imposto, pelo Lula ou pelos partidos que respaldam seu mandato.  Resta-lhe assistir a imprensa investigando e denunciando, em paralelo aos órgãos de denúncia e investigação, como a Policia Federal, o Ministério Público e a CGU. Entre eles e a presidente existe um contrato não escrito mais ou menos na base do “vocês vão em frente e eu assisto”, mas não parece a solução mais eficaz. Para fazer tremer os corruptos e limpar a máquina pública  seria  vital que Dilma se encontrasse à frente das tropas, jamais na retaguarda, como se encontra.

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