Por:Zózimo Tavares
Como na canção de Luiz Gonzaga, no Piauí a oposição “é pequeninha, é miudinha, é quase nada”.
Dos três senadores, dois estão fechados com o governador Wellington Dias – Ciro Nogueira (Progressistas) e Marcelo Castro (MDB). O terceiro, Elmano Férrer (Podemos), não é aliado do governador, mas não cria grandes dificuldades para ele. No máximo, uma crítica pontual aqui, outra acolá.
Dos 10 deputados federais, 10 estão com o governador para o que der e vier. Oito foram eleitos com ele, no ano passado, e os outros dois se tornaram governistas por adesão, que ninguém é de ferro.
Dos 30 deputados estaduais, apenas quatro são de oposição – Marden Menezes (PSDB), Gustavo Neiva (PSB), Teresa Brito (PV) e Evaldo Gomes (SDD). Quer dizer, quatro eram de oposição. O último acaba de passar para o lado do governo.
O presidente do Solidariedade no Piauí, deputado Evaldo Gomes, foi recebido no final da tarde de quinta-feira, dia 30, pelo governador Wellington Dias, no Palácio de Karnak, para uma conversa de pé de ouvido.
O encontro acabou por oficializar o acordo para a adesão do partido à base aliada ao governo. Evaldo Gomes informou que reunirá a direção do Solidariedade para concretizar o entendimento com o governo, que prevê apoios político e administrativo.
Aonde o governador quer chegar?
Os entendimentos do governador com o SDD começaram em Brasília, num encontro de Wellington Dias com a novata deputada federal Marina Santos.
Após o encontro, ela escreveu nas redes sociais: “Agradável encontro com o governador do nosso Piauí, Wellington Dias. Na pauta, ações que irão beneficiar o nosso estado e nossa população”.
O ex-prefeito de Novo Oriente, Marcos Vinicius, esposo da parlamentar e que foi candidato a senador no palanque das oposições, nas eleições passadas, também participou da conversa em Brasília.
Nos meios políticos, a indagação é uma só: qual é a necessidade que Wellington Dias tem, a estas alturas, de levar o Solidariedade para o seu governo? Aonde o governador quer chegar?
Ele está no quarto mandato, eleito e reeleito sempre no primeiro turno. Governou sempre sem obstáculos no Legislativo.
Então, por que depois de montar novamente uma ampla base de apoio parlamentar, ainda cercou o SDD, um partido que, a rigor, nem cria embaraços para o governo?
O empenho do governador para minar o que resta da oposição é visto com reservas até mesmo em sua própria base, pois ele vai tirar o pão da boca dos petistas e aliados para alimentar os adesistas famintos de cargos.
Nos tempos da ditadura
Nem no tempo do regime militar a oposição foi tão pequena no Piauí.
Naquele período, o governador do Estado não ficava com mais de 70% dos parlamentares com assento na Câmara Federal.
Na Assembleia Legislativa, sempre tinha mais de um terço dos deputados contra.
Das duas, uma: ou o governador Wellington Dias está prevendo um caos ou busca, efetivamente, a unanimidade.