Wilson Martins (PSB) e Wellington Dias (PT) fumaram o cachimbo da paz. O que se diz para justificar isso soa muito estranho. Nunca houve, entre eles, qualquer acirramento de ordem pessoal. Exceto pelo fato de que alguns petistas, entre eles o suplente de deputado Cícero Magalhães, duvidaram da honestidade de Martins no caso da construção de um hospital particular em Teresina.
Wilson e Wellington: juntinhos de novo?
Na época, Magalhães estava fazendo ataques sistemáticos contra Martins por conta do rompimento do PT com o então governador do PSB. Martins foi acusado ainda de colocar a mulher no TCE/PI – Tribunal de Contas do Estado utilizando-se, para tanto, de força política na Assembleia, o que seria uma ilegalidade.
Acusado ainda de fazer concurso público para garantir aprovação dos filhos na Secretaria de Estado da Saúde
É de se duvidar que Magalhães estivesse falando em seu próprio nome. Estava mais para um duro recado, mandado indiretamente pelo então candidato a governador Wellington Dias.
Tudo agora é coisa do passado. Na sexta-feira, 18, os dois, Wilsão e Wellington, estiveram no TCE/PI, prestigiando a solenidade de posse da conselheira Lilian Martins, mulher de Wilsão, sim, ela mesma, aquela a quem o PT acusava de estar ali, naquela função, ilegalmente, muito embora tenha contribuído para tal com os seus votos na Assembleia.
Wilsão discursou e disse que Wellington é um sujeito cordial e aberto ao diálogo. “Com o Wellington sempre mantive um diálogo cordial, franco e respeitoso. Claro que não concordo absolutamente com tudo, impossível, mas admiro sua cordialidade, disposição para o trabalho, capacidade de argumentar, de juntar, de articular e de comandar”, elogiou Wilson.
É isso mesmo que você leu. Ele disse capacidade para o trabalho. O governador que não consegue concluir uma duplicação em uma década. Cujas estradas construídas em seu governo são chamadas de “sonrisal” e cujo método de construção o próprio Wilsão reformulou. Antes, TSS – Tratamento Superficial Simples, coisa de estrada carroçal. Depois TSD – Tratamento Superficial Duplo, aí sim, estrada de verdade. Mas esse modelo surgiu apenas com Wilson Martins.
Capacidade para o trabalho. Maternidade Evangelina Rosa, 250 crianças natimortas por ano. Média de 50 ou mais mulheres. Novo hospital para ser construído desde 2011 — tudo começou ainda no governo de Wilsão —, inclusive com liberação de quase R$ 70 milhões pelo governo federal.
Capacidade para o trabalho. Porto de Luís Correia, cerca de R$ 25 milhões destinados pelo governo federal. A maior parte dos valores desviados. Secretários com bens indisponibilizados pela Justiça Federal.
Realmente o mundo político vive numa redoma própria. Capacidade para o trabalho. Insegurança generalizada. Viaturas destinadas pelo governo federal e que passam um ano inteiro no pátio aguardando as próximas eleições para serem liberadas. Assaltos, banditismo reinante, armas circulando em todas as cidades do estado indiscriminadamente. Rouba-se e mata-se a todo instante.
Capacidade para o trabalho. Secretaria da Educação, Operação Topique. Inúmeros auxiliares implicados. Familiares implicados. Uespi, falência quase que absoluta. Saúde pública do estado. Dispensa maiores comentários.
Difícil dizer onde Wilsão viu essa capacidade para o trabalho. Mas ele vê. E vê também habilidade para o diálogo. A propósito, essa habilidade é de quem está no governo. Até Wilsão já a teve. Hoje, não a tem mais. Está fora. E busca uma reentrada nada honrosa.
Sabe-se que Wellington Dias está procurando liderança de peso em nível estadual para substituir a baixa sofrida com o rompimento do senador Ciro Nogueira (Progressistas). No PSB, Wilsão já disse que não se pode fazer política olhando pelo retrovisor. Outro antes dele já disse o mesmo. Trata-se de João Vicente Claudino, imerso no ostracismo. Esse destino pode aguardar Wilson Martins, que teima em dizer-se presente no cenário nem que seja colocando uma tarja no próprio retrovisor. Realmente esse pessoal tem tudo em comum. (TR)