Metrô de Moscou, dos mais antigos do mundo, é um espetáculo subterrâneo

O metrô de Moscou, exuberante, impressiona os turistas que visitam a cidade.

Três grandes obras para aproveitar o potencial hídrico do Piauí estão paradas: as segundas etapas dos Platôs de Guadalupe, Tabuleiros Litorâneos e Marrecas. Com 70% das obras concluídas, a ativação das áreas irrigadas poderia somar mais de 10 mil hectares. Por baixo, seriam gerados 25 mil empregos diretos e pelo menos outros 25 mil postos de trabalho decorrente de atividades econômicas favorecidas pela produção de frutas em escala comercial. Ocorre, no entanto, que a burocracia misturada com problemas judiciais faz com que a infraestrutura necessária à ativação de novas áreas irrigadas siga parada e sem um horizonte para ativação. O caso dos projetos Tabuleiros e Platôs descamba para uma situação kafkiana: embora não haja um fio de suspeita sobre a atuação da Odebrecht nas duas obras, o envolvimento da empreiteira baiana em escândalos sistêmicos fez com que a onda avassaladora de investigação paralisasse uma atividade de construção cuja conclusão resultaria em um boom localizado de desenvolvimento econômico em Guadalupe e Parnaíba. No caso de Marrecas, a obra parou por falta de recursos, ausência de uma modelagem de ocupação do perímetro e desinteresse político para fazer a engrenagem da burocracia soltar o dinheiro para seguir com o serviço. Nos três casos, o Piauí sai perdedor.

As colunas em mármore são marcantes.

“O metrô foi um dos maiores acontecimentos da União Soviética”, diz Molok. “Foi uma questão política. Stálin queria mostrar o poder do comunismo e do modo de vida socialista, por isso mandou retomar o estilo triunfante dos romanos, da era imperial russa e das conquistas napoleônicas.”
Nesse ponto, toda essa arquitetura subterrânea stalinista trouxe de volta os excessos barrocos dos palácios dos czares, numa improvável manobra estética para celebrar as glórias de seu proletariado.
Também improvável é a outra inspiração por trás de seus arroubos de grandeza. Stálin via os arranha-céus que então pareciam brotar da terra em Nova York, a meca do capitalismo, como sinal da pujança que ele pensava poder atingir com o socialismo soviético.
Enquanto o metrô remete aos interiores da aristocracia, as Sete Irmãs, como são chamadas as sete grandes torres que espetam os céus de Moscou erguidas na era do ditador, têm como matriz o Empire State Building nova-iorquino.
Foi a grande antítese da austeridade estética do construtivismo surgido na Revolução Russa de 1917, anos antes de Stálin assumir o poder. A visão de mundo do ditador soterrou, em nome do luxo desmedido, a vanguarda de formas geométricas e poucas cores pensada como a primeira bandeira visual do socialismo.
“O metrô se tornou um verdadeiro palácio”, diz Tatiana Ponka, historiadora da Universidade Russa da Amizade dos Povos, em Moscou. “Era para que milhões de soviéticos que passassem por ali ganhassem conhecimento da cultura e sentissem orgulho do país.”
Mas esses sentimentos mudaram com o tempo. Mesmo não morrendo de amores pelo passado soviético, as novas gerações de russos sentem nostalgia por uma época em que o futuro ainda parecia glorioso.
E o melhor exemplo desse sonho futurista é a Maiakovskaia. Quando foi inaugurada em 1938, essa estação moscovita 33 metros abaixo da rua era a mais profunda de todas as redes de metrô do planeta.
Seus arcos de aço inoxidável em estilo art déco também são um aceno ao fato de sua estrutura ser toda metálica, outra inovação para aquela época.

Não há em outro lugar metrô como o de Moscou.

Quem olha para cima ainda vê 34 mosaicos de cerâmica celebrando os feitos tecnológicos dos soviéticos, com dirigíveis, aviões de guerra e seus paraquedistas em pleno voo.
O tema bélico depois faria mais sentido do que nunca. Durante a Segunda Guerra, Stálin usou a estação de bunker e fez um famoso discurso ali enquanto os nazistas bombardeavam Moscou de cima.
No fim do conflito, o ditador celebrou a vitória dos soviéticos sobre os alemães no desenho da Komsomolskaia, a mais movimentada das estações da cidade, toda em estilo barroco com lustres gigantes.
“Foi a apoteose do estilo imperial de Stálin”, diz Ponka, a historiadora. “Ela tem toda a pompa e a grandiosidade do classicismo, juntando elementos que glorificariam a vitória.”
O mesmo arquiteto, Alexei Dushkin, um dos heróis da estética soviética, desenhou todas essas estações e fez ainda a parada Novoslobodskaia, outra das mais impressionantes do metrô moscovita, com vitrais coloridos que lembram janelas de uma catedral gótica.
Juntas no centro de Moscou, essas estações ilustram a grandiosidade de um projeto ferroviário que atravessou décadas. Mas o metrô moscovita, hoje o sétimo maior do mundo em extensão, com 365 km de trilhos e 212 paradas, ainda não cobre toda a crescente malha urbana da capital da Rússia.
Nos últimos anos, também em preparação para a Copa, a rede vem passando por um ambicioso processo de expansão, prevendo abrir uma centena de estações até 2020, um aumento de 200 km de trilhos que deve fazer o metrô moscovita ultrapassar o tamanho dos de Londres e Nova York.
Os números impressionariam Stálin, mas a estética das novas paradas deixaria a desejar. Sem lustres, mosaicos e colunas de mármore, elas têm pisos de concreto e elementos metálicos, mais próximas da estética corporativa do que do luxo dos palácios, embora também sejam para o povo. (Folhapress)

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