
Barragem de Algodões I dias depois após romper e destruir parte da zona rural do município (Foto: Arquivo)
“Nós fizemos um acordo com a justiça e o Estado para que ele pagasse a indenização em 30 parcelas. O acordo foi feito e hoje já tem pago 20 parcelas. A população está reconstruindo devagar com esse dinheiro, as suas casas e propriedades no mesmo lugar de antes”, informou.

INDENIZAÇÃO VEIO OITO ANOS DEPOIS
Segundo a associação, a comunidade recebe na faixa de R$500 a R$5000. O acordo possibilitou a liberação de R$ 60 milhões para cerca de 900 famílias vítimas do desastre e só ocorreu oito anos depois do rompimento. O valor individualizado é referente a perdas patrimoniais, danos morais, lucros cessantes, eventuais alimentos provisionais, inclusive os em atraso e qualquer outra reparação requerida nas ações coletivas ou individuais.E ainda assim, depois de ter vencido na Justiça, as vítimas sofrem com os atrasos nas parcelas.
“Aos trancos e barrancos estão pagando. A principal crítica é o abandono, desinteresse. Depois da indenização muitos assumiram compromisso com esse dinheiro. O atraso é sempre um problema muito sério”, disse Corcino Medeiros.
O presidente da associação também informou que hoje a economia da cidade é beneficiada pelas indenizações, local onde a população injeta o dinheiro que recebe. O rompimento da barragem não atingiu todo o município de Cocal da Estação, apenas o bairro “Baixa do Cocal” , juntamente com pontes e estradas.

LUTA POR TODO O PIAUÍ
Quem teve o passado devastado, hoje luta por um futuro tranquilo. Mais do que isso, a associação conta a sua história, enfrenta e avança na tentativa de que ninguém mais passe pelo pesadelo de ver um pedaço da vida carregado pela água. Reconstruir-se em meio a espera, acordos e desacordos, trouxe às vítimas o sentimento de que não é preciso apenas ser contra a maleabilidade do poder público, é preciso lutar contra.
“Estamos pensando no que vamos fazer quando acabar o pagamento porque o governador não iniciou a obra de construção da barragem [nova represa de Algodões] . Vamos continuar nessa luta. Um dos esforços nossos é que não se repita a mesma coisa em outro lugar, sobretudo aqui no Piauí que está ao nosso alcance. São coisas que não são muito difíceis e caras como uma manutenção permanente, cuidado e vigilância que é o que falta”, lamentou Corcino Medeiros.
A tragédia deixou pelo menos dois mil desabrigados. A água chegou a 20 metros de altura e o caso de repercussão nacional trouxe para o Piauí os holofotes na época. E o que fica são os consistentes relatos de sobreviventes que mais do que a altura da águas enfrentaram uma vida conturbada após a tragédia: uma vida prática, burocrática, que teve que se sustentar em um cenário hostil. O que fica é a lição de que no meio do risco de perder vidas, sonhos e histórias; promessas e meias palavras não tem poder algum.