“Bebemos água barrenta, com gosto de lama e suja”, diz teresinense

Hoje, 22 de março, é comemorado o Dia Mundial da Água. E, neste mês, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial divulgaram um relatório revelando que 40% das pessoas, em todo o mundo, estão sendo afetadas pela escassez de água e cerca de 80% das águas residuais são descarregadas sem tratamento no ambiente.
Mais de 2 bilhões de pessoas são obrigadas a beber água insegura e mais de 4,5 bilhões não possuem serviços de saneamento gerenciados de forma segura. O relatório mostra que mulheres e meninas sofrem desproporcionalmente quando falta água e saneamento, afetando a saúde e, muitas vezes, restringindo as oportunidades de trabalho e educação.

E este cenário nem está tão longe. No meio da avenida, um vazamento se arrasta por cinco anos. Há poucos metros, os moradores de uma comunidade precisam carregar baldes para abastecer suas residências e realizar as atividades básicas. Esta é a realidade da população que vive no Parque Vitória, bairro Angelim, zona Sul de Teresina.
Lá, os próprios moradores compraram canos e fizeram ligações clandestinas para conseguir ter acesso à água e, com o auxílio de uma bomba, o líquido é levado para as áreas mais altas da comunidade. Contudo, nem isso garante que toda a população seja beneficiada, obrigando que eles façam várias viagens até pontos mais baixos e encham baldes e tambores.
“Eu me sinto humilhada por morar tão perto de um lugar com água e não poder usar, não ter como dar banho na minha filha e nos meus netos. Beber água barrenta, com gosto de lama e suja. Bebemos do jeito que conseguimos pegar, porque não temos filtro nem gás suficiente para ferver. Nós fazemos tanto esforço e só queremos um pouco de dignidade”, pontua a dona de casa Ana Paula Monteiro da Silva.
Para encher os depósitos, ela vai até a residência de sua vizinha, que mora em um ponto mais baixo e a água consegue chegar à torneira. Lá, ela e seu esposo enchem um balde e utilizam o líquido no preparo da comida e atividades domésticas.
“Todo dia eu faço esse percurso. Quando tem água suficiente para encher, a gente economiza para durar três dias; mas se acaba antes, a gente fica sem ou vai pegando de garrafa, porque o corpo não aguenta tanto esforço. É triste vivem em um lugar que tem água e a gente não ter acesso. Até as pessoas que puxaram o cano não conseguem ter água, porque a pressão não é suficiente”, disse.(O Dia)

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