Crise gravíssima

Por:*Arthur Virgílio


*Arthur Virgílio
Dilma Rousseff assumiu em 01 de janeiro deste ano. Menos de sete meses de gestão, portanto.          
Elegeu-se à sombra de Lula e com fama de gerente dura e executiva pública eficiente. A sociedade agora descobre que ela não lidera a equipe que montou, não coordena a maioria parlamentar fisiológica que ordenha as tetas do poder e não é, definitivamente, uma tocadora de obras.         
Logo no alvorecer de sua gestão, graves denúncias sobre o Ministério dos Esportes. A seguir, cai seu principal ministro, Antônio Palocci, acusado de enriquecimento ilícito. Depois veio o escândalo do Ministério dos Transportes e a demissão do senador Alfredo Nascimento. Ainda com os Transportes fervendo, surgem as denúncias de corrupção no Ministério da Agricultura.         
Só aí temos quatro casos gravíssimos. Se o governo estivesse no fim, já daria a marca constrangedora de um escândalo/ano, além de centenas de contratos de obras públicas glosados pelo Tribunal de Contas da União.         
Mas a “brincadeira” mal começava. A Agência Nacional de Petróleo, hoje aparelhada pelo PC do B, vira cabide de empregos e suspeita de cuidar mais de propinas que de ser o instrumento do Estado brasileiro para regular o mercado petrolífero. E o Ministério do Turismo, de repente, é exibido como antro onde operava quadrilha liderada pelo secretário-executivo da pasta.         
Estranhamente, tanto na Agricultura quanto no Turismo, Dilma faz questão de poupar os ministros, contentando-se em amputar o braço direito de cada um deles. Chega a ser incrível que os secretários-executivos participem de negociatas e os ministros deixem de saber disso porque, porventura, estivessem recolhidos a algum mosteiro, pagando penitências e orando sem parar.          
Dilma não demite os ministros do PMDB porque teme a força congressual desse partido. Porque teme entrar em confronto com seu vice, Michel Temer. Porque sua autoridade se esvaiu, perdida nas brumas da bem montada campanha eleitoral de radio e televisão.         
Seis meses de um governo que já envelheceu. Seis escândalos estilo mega. Um por mês, sem contar a saída intrigante do ministro da Defesa Nelson Jobim, que, através de declarações provocativas, só faltou dizer à presidente que não lhe suportava mais a companhia.         
No episódio da Defesa, novamente a autoridade presidencial foi posta em cheque e diminuída. Foi Lula – e não Dilma – a nomear Celso Amorim que, nem de longe, era o preferido dos militares e da própria presidente.         
Enquanto isso, o mundo pega fogo. Em material de debate econômico, limitamo-nos às platitudes do ministro da Fazenda, Guido Mantega, porque o tempo nobre é dedicado a discutir corrupção.          Lula apodreceu as instituições brasileiras e Dilma administra a herança que recebeu. Governo de péssima continuidade esse!          
*Diplomata, foi líder do PSDB no Senado          

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