Elas, eles e nós

Nelson Motta,  O Estado de S.Paulo
Elas prestam serviços relevantes na construção do País, têm prestigio internacional, criam empregos e geram divisas. Mas por que nas grandes falcatruas, propinas e licitações viciadas em ministérios e estatais elas estão sempre envolvidas?
Muitas vezes a Polícia Federal e o Ministério Público conseguem provas robustas de corrupção contra políticos, funcionários e empresários, às vezes alguns são demitidos, outros até são presos e obrigados a devolver os roubos. Mas nunca se viu uma grande empreiteira condenada por suborno.
No Brasil, além dos recursos não contabilizados, criou-se a figura do corrupto sem corruptor, como uma moeda podre de uma só face.
Os advogados das empreiteiras, entre os mais caros e competentes da praça, usam seus conhecimentos legais e pessoais para anular processos, arquivar denúncias e desqualificar provas e testemunhas contra seus clientes.
Na outra ponta, os corruptos pegam carona. Já vimos até deputados algemados, mas nunca um diretor de empreiteira na cadeia ou pagando uma multa milionária por ceder a extorsões ou oferecer propinas.
Não por acaso, são elas as maiores patrocinadoras das campanhas eleitorais, doaram 2,5 bilhões, 77% do total, democraticamente ( rs ), para todos os grandes partidos e até para alguns pequenos, pavimentando suas futuras relações de trabalho. Como e onde vão recuperar esse investimento? 

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