As operações policiais sobre conglomerados financeiros costumam revelar fatos que até os investigadores se surpreendem. Porque terminam chegando na famosa e conhecida figura do ‘laranja’, o sujeito que aparece à frente dos negócios, substituindo o verdadeiro dono. Ontem, a Polícia Federal e a Receita Federal, com suporte do Ministério Público Federal, desencadearam a operação Sorte Grande no Piauí, Maranhão e em São Paulo. Tiveram sorte, pois desvendaram uma intrincada organização envolvendo mais de 60 empresas e um cem número de ‘laranjas’, acusados de fraudar o fisco e lavar dinheiro. Virou febre, ou, como queiram, se tornou muito recorrente no Brasil se usar testa de ferro nos negócios onde o verdadeiro dono não pode ou não quer aparecer. Isso se batizou jocosamente de ‘laranja’. No Piauí, esses prepostos estão servindo para tocar inúmeros negócios que, nas contas da Receita Federal, significa uma sonegação perto de R$ 1 bilhão. Já se viu no país casos parecidos desmoronarem, porque nem todo grupo consegue ser tão forte e poderoso que operações como essa não desnudam facilmente. E aí, chega a vez do ‘laranja’. Convidado – ou, como a própria PF batizou, ‘conduzido coercitivamente’ a prestar depoimento não há ‘laranja’ que não vire suco. Eles são espremidos, se derretem e entregam o patrocinador sem piedade, chegando ao ponto de se converterem em testemunhas de acusação.
O GRANDE GOLPE
Por:Arimatéia Azevedo