
A tentativa do ministro Alexandre de Moraes de reunir apoio unânime dos colegas do Supremo Tribunal Federal (STF) fracassou.
Na quarta-feira (30), ele propôs que os 11 ministros assinassem uma carta conjunta em sua defesa, após saber que havia sido alvo de sanções dos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky — que impede vínculos com instituições financeiras ou comerciais norte-americanas.
Mais da metade dos ministros considerou inadequado responder oficialmente a uma decisão soberana do governo dos EUA. Diante da resistência, optou-se por uma nota discreta, assinada apenas pelo presidente do STF, Roberto Barroso, sem citar os Estados Unidos diretamente.
Como alternativa simbólica, foi organizado um jantar no Palácio da Alvorada na noite de quinta-feira, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como anfitrião. A ideia era repetir o gesto de união feito após os ataques de 8 de janeiro de 2023, promovendo uma imagem pública de coesão entre os Poderes. O convite partiu de Barroso, a pedido de Lula.
O resultado foi aquém do esperado: seis ministros compareceram — Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Edson Fachin, Flávio Dino, Gilmar Mendes e Roberto Barroso. Ausentaram-se André Mendonça, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux e Nunes Marques.
O ministro Edson Fachin só participou do jantar por razões institucionais: ele assumirá a presidência da Corte em breve e terá Alexandre de Moraes como vice. Mesmo desconfortável, avaliou que a ausência poderia ser mal interpretada.
A falta de consenso e a baixa adesão ao jantar deixaram evidente a divisão no Supremo, que já vinha sendo notada nos bastidores e agora se tornou pública.
Na reabertura dos trabalhos do Judiciário, nesta sexta-feira (1º), ministros da Corte devem discursar em defesa de Moraes e da independência do Supremo. Gilmar Mendes e Barroso já sinalizaram que usarão a sessão para condenar a ingerência estrangeira e reforçar a confiança na atuação da Corte.
Entre os presentes no jantar com Lula, a avaliação é que, apesar da escalada retórica de Trump e dos ataques dos bolsonaristas, como as ameaças de Eduardo Bolsonaro de ampliar a lista de ministros alvos dos EUA, o cronograma de julgamentos será mantido. O processo contra Bolsonaro e os demais acusados pela trama golpista segue previsto para setembro.