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Luiz Inácio Apedeuta da Silva e o ministro da Educação, Fernando Haddad, foram vaiados anteontem por um grupo de alunos na Universidade Federal do ABC. O chefão do PT não gostou e decidiu passar um carão nos estudantes: “Gritar é bom, mas ter responsabilidade é muito melhor”, disse o agora ex-líder oposicionista que gritou contra o voto em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, que gritou contra a Constituição de 1988, que gritou contra o Plano Real, que gritou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, que gritou contra o superávit primário, que gritou contra o Proer, que gritou contra as privatizações. Era o tempo em que Lula achava que não lhe cabia ser “responsável”. Em certa medida, sua IRRESPONSABILIDADE foi premiada.

Irritado com os estudantes, que também vaiaram Haddad, Lula afirmou ainda: “Se tem uma coisa que aprendi a respeitar é o direito das pessoas reivindicarem porque, se não fosse assim, eu não teria virado presidente da República. Se eu tivesse medo de greve, eu não teria feito as maiores e as melhores do País”.
Há aí a jactância habitual — Lula é sempre campeão em tudo e, se não é, dá um jeito de enganar o Zé Lagarto… —, mas também há uma referência objetiva: professores e funcionários da administração de mais de metade das instituições federais de ensino (universidades e ensino técnico) estão em greve desde o dia 6 de junho. Há uma possibilidade de que só voltem ao trabalho no dia 26 — depois de quatro meses de paralisação. Como vocês podem notar, foi um movimento praticamente invisível, que não rendeu notícia naquilo que o PT chama “mídia’. Essa greve, evidentemente, não presta e é coisa de reacionários. Já as que Lula promovia quando na oposição…
Haddad, aliás, defendido por Lula e seu candidato à Prefeitura de São Paulo — que o Babalorixá tentou impor no dedaço, sem prévias; parece que não vai conseguir —, mostrou a matéria de que é feito. Ironizando a reivindicação do grupo de estudantes, que pediam a aplicação de 10% do Orçamento federal em educação, afirmou o ministro com uma longa lista de incompetências e desatinos no Ministério da Educação: “Infelizmente, a direita conservadora conta com o apoio da esquerda conservadora para evitar o progresso do nosso País”.
“Conservadores”, como se nota, são todos aqueles que não estão com o PT. A “obra” deste rapaz na educação ainda não foi devidamente dimensionada. O aumento significativo de alunos no ensino superior no Brasil se deu em razão da expansão das instituições privadas de ensino — expansão realizada com repasse de dinheiro público, por intermédio do ProUni, que, na prática, compra à matroca as vagas que vão sendo abertas. A milagrosa multiplicação de universidades federais e de vagas em instituições públicas é das mais vistosas balelas da gestão Haddad. Já escrevi algumas vezes sobre o assunto.
Por:Reinaldo Azevedo

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