O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste domingo (7) que não vai “perder tempo” em se manifestar sobre a pesquisa do Datafolha que registra a pior avaliação após três meses de governo entre os presidentes eleitos para um primeiro mandato desde a redemocratização.
“Datafolha? Não vou perder tempo para comentar pesquisa do Datafolha, que diz que eu ia perder para todo mundo no segundo turno”, afirmou Bolsonaro, ao ser questionado pela reportagem da Folha de S.Paulo na saída do Palácio do Alvorada.
O Datafolha aponta que 30% dos brasileiros consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo, enquanto 32% veem como ótimo ou bom, e 33% classificam como regular.
O instituto ouviu 2.086 pessoas em 130 municípios nos dias 2 e 3 de abril. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais. Durante a eleição, pesquisas do instituto mostraram Bolsonaro na liderança no primeiro e, depois, no segundo turno. “Tem um item lá de que Lula e Dilma são mais inteligentes do que eu. Valeu, Datafolha”, disse o presidente, que compartilhou em redes sociais um gráfico da pesquisa.
Bolsonaro se refere ao dado da imagem do presidente. A comparação com Lula e Dilma Rousseff se refere ao período equivalente, ou seja, os três primeiros meses do governo de cada um.
No Planalto, o desempenho negativo de Bolsonaro foi atribuído à alta expectativa sobre uma recuperação econômica e aos problemas de comunicação da Presidência. Na avaliação de um assessor palaciano, as polêmicas criadas pelo presidente tiveram mais repercussão que medidas como o pacote anticrime e o combate às fraudes no INSS.
“Eu acho que não é tanta notícia ruim quanto vocês têm publicado”, disse Bolsonaro neste domingo após ser questionado sobre os cem primeiros dias de governo. Para superar a deficiência, o presidente anunciou que a Secretaria de Comunicação Social passará a ser comandada a partir desta segunda (8) pelo publicitário Fábio Wajngarten, que o ajudou na campanha. Para o líder do DEM na Câmara, Elmar Nascimento (BA), o resultado negativo deve-se a uma manutenção pelo presidente do discurso adotado na disputa eleitoral.
“Ao invés de assumir um governo para todos, para quem votou com ele e para quem não votou, ele continua a adotar o tom de campanha, o do nós contra eles. Você mantém a rejeição de um eleitorado que votou em outro candidato.” A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que “a pesquisa confirma a decepção do povo brasileiro, especialmente os mais pobres e os trabalhadores, com um governo que nada fez de bom para o país”.
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), acredita que a avaliação deve melhorar após a aprovação da reforma da Previdência. “O governo tem uma agenda, como a reforma da Previdência, que cria resistência em setores da sociedade porque acaba com privilégios. Aprovada a Previdência, haverá uma agenda positiva que vai melhorar os indicadores”, afirmou.
Em Boston, onde participou da Brazil Conference, o vice-presidente Hamilton Mourão foi indagado sobre o que faria de diferente nesses cem dias caso fosse o presidente. Em um primeiro momento, Mourão disse que agradecia a pergunta, mas que sua parceria com Bolsonaro era total. “Quando ele toma uma decisão, eu acato.” Questionado mais uma vez, o vice então respondeu: “Talvez pela minha personalidade, eu escolhesse outras pessoas para trabalhar comigo”.
Fonte: FolhaPress
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