Ex-procurador que cogitou matar ministro chamava de “farmacinha” seu bar na repartição pública
Em seu livro “Nada Menos que Tudo”, lançado neste mês, no qual o ex-procurador geral da República Rodrigo Janot revela seu plano de assassinar o ministro Gilmar Mendes, ele conta que mantinha ao lado do seu gabinete, na PGR, uma “farmacinha” abastecida com vinho, cerveja, uísque, cachaça, rum, vodca, gim etc. A revelação dá sentido a frequentes insinuações de Gilmar Mendes sobre “embriaguês” de Janot.
“Na hora do aperto, quando a turma estava arrancando os cabelos, a farmacinha cumpria uma função terapêutica”, diz o ex-PGR em seu livro.
A razão do plano de assassinato seria insinuações que Gilmar teria feito sobre sua filha em 2017. Na sexta-feira (27), o ministro do STF se pronunciou em carta recomendando tratamento psiquiátrico a Janot, além de colocar sob dúvida a sua atuação como procurador.
A cena é descrita no livro de memórias de Janot, “Nada Menos que Tudo”, lançado neste mês, embora o nome de Gilmar não seja mencionado na obra.
Leia um resumo com os principais episódios mencionados por Janot no livro.
O APELO DE TEMER POR CUNHA
O livro começa com o relato de um encontro de Janot com o então vice-presidente Michel Temer (MDB) e o deputado Henrique Eduardo Alves (MDB-RN) no Palácio do Jaburu, em que teriam pedido que o PGR arquivasse investigação sobre o deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ).
“Eu chamei o senhor aqui porque quero conversar não com o procurador-geral da República, mas com um brasileiro preocupado com o Brasil, com um patriota”, disse Temer, segundo Janot.
“Cunha é um louco, pode reagir de forma imprevisível e colocar o Brasil em risco. Confiamos no senhor como brasileiro e como patriota para manter a estabilidade do país”, disse Alves.
Nesse momento, segundo Janot, o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou para participar da reunião e testemunhou a conversa. Alves sugeriu que ele arquivasse a investigação sobre Cunha.
O APELO DE TEMER POR CUNHA
O livro começa com o relato de um encontro de Janot com o então vice-presidente Michel Temer (MDB) e o deputado Henrique Eduardo Alves (MDB-RN) no Palácio do Jaburu, em que teriam pedido que o PGR arquivasse investigação sobre o deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ).
“Eu chamei o senhor aqui porque quero conversar não com o procurador-geral da República, mas com um brasileiro preocupado com o Brasil, com um patriota”, disse Temer, segundo Janot.
“Cunha é um louco, pode reagir de forma imprevisível e colocar o Brasil em risco. Confiamos no senhor como brasileiro e como patriota para manter a estabilidade do país”, disse Alves.
Nesse momento, segundo Janot, o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou para participar da reunião e testemunhou a conversa. Alves sugeriu que ele arquivasse a investigação sobre Cunha.
Menciona a ida de Sergio Moro para o governo Bolsonaro e acrescenta: “Horizontalizar implicaria uma investigação com foco num determinado resultado? Eu não quis imaginar isso lá atrás e também não quero me esticar nesse assunto agora, mas isso ainda me incomoda um bocado, sobretudo quando penso em dois episódios separados no tempo, mas muito parecidos”. Cita os vazamentos do depoimento de Youssef sobre Lula e Dilma em 2014 e da delação de Palocci em 2018.
As declarações de Youssef “eram destituídas de qualquer valor jurídico. Youssef não compartilhava da intimidade do Palácio do Planalto e não tinha provas do que dizia”. Janot desconfia de “atuação com viés político”.
Após examinar delações de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, decidiu que os próximos acordos que envolvessem pessoas com foro seriam conduzidos por seu gabinete. E resolveu tomar novos depoimentos dos dois colaboradores.
O ministro do STF Teori Zavascki autorizou 21 inquéritos contra 50 políticos. “Não era a bomba atômica que se imaginava. […] Mas abriu uma avenida para a Lava Jato avançar.”
Janot também justifica o arquivamento dos casos de Dilma e Aécio: “Se o delator diz apenas que ‘ouviu dizer’, que não foi testemunha do suposto crime e não tem como indicar provas, o caso deve ser arquivado”.
Avisou os parlamentares que seriam investigados, mandando o assessor entregar a petição num envelope, pessoalmente. No caso de Cunha, “como ele estava em guerra comigo, achei por bem repassar o aviso pelo vice-presidente Michel Temer, com quem o deputado mantinha estreitas relações”. Também avisou o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Em 4 de março de 2015, desceu para ver manifestantes na porta da PGR, cerca de 30 pessoas. “[…] achava, de fato, importante receber apoio popular. Eu sabia que a reação do mundo político seria forte e, portanto, nenhuma ajuda poderia ser desprezada”.
Recebeu Rogério Chequer, do Vem Pra Rua, nessa época. Chequer sugeriu alvos para investigações e deixou com ele um kit do movimento.
Após a divulgação da lista de investigados, comemorou com a equipe. “Tiramos um dia de folga e esvaziamos algumas garrafas de vinho”.
Curtir isso:
Curtir Carregando...