PF deve investigar repasses fraudulentos do FNDE para turbinar campanha eleitoral no Piauí

Teresina (PI) – O pequeno município piauiense de Paquetá, a 350 quilômetros ao sul de Teresina, na região do Vale do Guaribas, está no centro de um escândalo de fraude nos números de alunos matriculados na rede pública e repasses de recursos da educação. A suspeita é de que a gestão municipal tenha turbinado o número de estudantes do município para receber repasses a mais do Ministério da Educação.

Thales Coelho com Ciro Nogueira no aeroporto de Teresina

O Ministério Público Federal deverá pedir à Polícia Federal a abertura de inquérito para investigar os fortes indícios de fraude com recursos do FNDE, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, que estariam turbinando as campanhas de aliados do ministro da Casa Civil de Bolsonaro, o senador piauiense Ciro Nogueira.

Os indícios do esquema fraudulento estão nos números inflados de alunos da rede básica de ensino e são reforçados pelas relações do ex-prefeito da cidade,Tales Coelho Pimentel, com os líderes do Centrão, o grupo de partidos liderado pelo Progressistas que controla as verbas do MEC por meio do FNDE.

Thales Pimentel é do Progressistas e deixou a prefeitura para se lançar pré-candidato a deputado estadual nas eleições de outubro. Ele é muito próximo do ministro da Casa Civil do Governo Bolsonaro, senador Ciro Nogueira, responsável pela indicação do presidente do FNDE, seu ex-assessor Marcelo Ponte.

Paquetá tem 4.147 moradores, conforme o último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2010. Apesar do pequeno número de habitantes, teve 2.251 alunos matriculados na rede pública do ensino fundamental no ano de 2021. Ou seja, mais da metade da população da cidade estudou nas escolas do município no ano passado, segundo dados repassados ao MEC pela própria Prefeitura.

Thales vai disputar vaga na Assembleia Legislativa

O volume de recursos financeiros repassados pelo FNDE em 2021, conforme dados da Secretaria do Tesouro Nacional, somou R$ 8,089 milhões, valor que representa mais que o dobro dos R$ 4,028 milhões destinados ao município em 2020, quando o município teve 1.989 alunos matriculados na educação básica.

Já em 2022, o número de matrículas caiu dos 2.251 alunos de 2021 para 1.196 – ou seja, inexplicavelmente, 1.055 alunos desapareceram das escolas do município de um ano para outro. O total de repasses este ano também caiu para R$ 4,693 milhões, valor mais próximo àquele destinado dois anos antes.

 

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