Por Fernando Gomes (*)
Eleito com o discurso que iria implementar uma administração
técnica e voltada às demandas sociais, enfrentadas pela população parnaibana, o
jovem Florentino Neto (PT) ainda não disse a que veio…
Os analistas políticos examinam uma nova gestão aos seus 100
dias como um tempo razoável para se avaliar o rumo de uma administração. Apesar
do pouco tempo, eles dizem que o período já é suficiente para se manifestar
uma sinalização do modelo a ser seguido.
Passados 100 (cem) dias da atual gestão municipal a
sociedade assiste uma espécie de continuidade da administração anterior (estilo
Zé Hamilton de governar). Poucas realizações, muito pouco a comemorar!!!
Há um aspecto, no caso de Parnaíba, que não pode ser
desprezado: Florentino não está iniciando um governo, porque ele está à frente, de fato, dos destinos da Parnaíba há 8 (oito) anos. Ficou quatro anos como Chefe
de Gabinete e mais quatro como vice-prefeito. E como é do conhecimento de toda a
cidade, ele era o homem forte da gestão Zé Hamilton, tinha poderes para definir
algumas ações de governo, mandava e desmandava, nomeava, dava o tom do modo de
governar…
Ora, se assim foi, assim será. Apesar do seu esforço de
tentar passar para a sociedade que “ainda é cedo”, “ainda não teve tempo de
deslanchar”, não cola! Florentino não é um gestor que recebeu uma prefeitura sem
saber de nada, pelo contrário, ele tem profundo conhecimento da máquina e da
forma como ela está “azeitada”. Logo, se espera mais dele. Ao menos que imprima
um ritmo diferente do seu antecessor.
Mas, o que hoje passo a refletir neste momento é que, se ele
é quem dava o tom da gestão anterior, então não há porque questionar o momento
atual, afinal, é ele o mesmo que antes comandava o modo de operar da
administração municipal, com apenas uma diferença para hoje: agora é o prefeito
de fato e de direito. Por isso é que a sociedade fica inquieta e se angustia,
pois havia depositado nele uma certa confiança e há, por outro lado, um desejo
coletivo de que a cidade possa sair da “mediocridade politiqueira” que a abate há
décadas.
Não registro aqui os desmandos praticados pelo governo que
ele (Florentino) fez parte durante oito anos, nem a atual e evidente
dificuldade em resolver as questões mais urgentes e reclamadas aos quatro
cantos desta cidade, como: falta de um abatedouro municipal, transporte público
de qualidade ruim, praças e logradouros públicos abandonados, saúde caótica,
pavimentação danificada em quase toda a cidade, falta de investimentos em políticas para a juventude,
idosos, cultura, esportes e lazer, dentre outros. Falo da necessidade de se ter
um novo elenco de POLÍTICAS PÚBLICAS, entendida como ação planejada, com metas,
estratégias e avaliação definidas criteriosamente, não atividades esporádicas e
pontuais que mais ativam a inércia com viés claro que denuncia a incapacidade
gestora.
Gostaria de ver na
juventude do novo gestor uma proximidade entre a fala e a ação! Ele foi eleito
com um discurso de compromisso ético, competência administrativa, transparência
e respeito ao bem público, mas parece se distanciar daquilo que pregou e prega.
Falta ação! Nossa gente está penalizada demais, é preciso que nossos gestores se compenetrem da sua responsabilidade,
da sua missão.
Parnaíba exige uma
gestão moderna, que seja capaz de cuidar das pessoas sem a ideia medíocre de
“ajeitar a parentalha” ou “arrumar os puxa-sacos”, aqueles que servem ao modelo
desprezível de se fazer política que mantêm-se no poder pela força coercitiva
e/ou financeira. Que esses 100 dias sirvam de reflexão para redirecionar o
leme, que os rumos sejam definidos com base na real demanda social, que a
gestão leve em conta quem mora aqui e não apenas aqueles que votaram no
prefeito, que a equipe de governo seja coesa e responsável ao ponto de zelar
pelo bem público em favor de todos. Espera-se que esta gestão cuide da cidade,
cuide das pessoas, responda com seriedade, eficiência e retidão àquilo que se
propusera a fazer. Ainda há tempo, afinal, passaram-se apenas cem dias!!!
(*) Fernando Gomes, sociólogo, cidadão, eleitor e
contribuinte parnaibano.