
Daniela Lima
Folha/Painel
As mensagens trocadas pelo ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato devem compor a última manifestação da defesa de Lula à ONU, entidade na qual o petista questiona suas condenações na Justiça brasileira. Além das conversas reveladas pelo The Intercept, os advogados do ex-presidente colecionam declarações de membros das Forças Armadas e do governo Bolsonaro.
Querem mostrar que todas as instâncias do Judiciário são pressionadas quando é seu cliente quem está nos autos.
EXPECTATIVA – Haverá sessão da ONU em setembro, e a expectativa dos defensores é a de que o caso do petista seja analisado nessa ocasião. O desafio dos advogados é convencer a entidade de que o pleito do ex-presidente se enquadra nos parâmetros dela.
A praxe é provocar a ONU somente após esgotados todos os recursos na Justiça nacional. Lula ainda não cumpriu esse roteiro, mas seus advogados atuam para convencer a organização de que “não há remédio jurídico possível” para ele, sob o argumento de que todas as instâncias estão sob tensão.
Por isso, manifestações de integrantes das Forças Armadas às vésperas de julgamentos ou diante do simples aviso de que processos de Lula foram pautados no STF estão sendo coletadas. Falas de aliados e parentes do presidente Jair Bolsonaro também são analisadas.
DESCONFORTO – A forma como o adiamento da análise de habeas corpus do petista foi comunicado causou desconforto no STF.
O ministro Gilmar Mendes decidiu manter seu pedido de vista, mas a saída do caso da pauta acabou sendo atribuída a Cármen Lúcia, que nem sequer assumiu os trabalhos como presidente da Segunda Turma.
A cúpula do MBL decidiu não passar recibo e usou o fato de Sergio Moro ter se referido a integrantes do movimento como “tontos” para divulgar documentário que será lançado em setembro.
ATOS PRÓ-MORO – O MBL segue chamando para atos pró-Moro no dia 30. Internamente, porém, antes mesmo da menção ao movimento, integrantes do grupo debateram o impacto do vazamento de mensagens da Lava Jato.
Há disposição de manter o suporte a Moro e às investigações, mas integrantes do MBL prometem analisar novas revelações caso a caso.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Dois reparos. Primeiro: o caso de Lula jamais será submetido à Assembleia da ONU, que começa em setembro. O pedido da defesa continua no Comitê de Direitos Humanos, que funciona em Genebra. Segundo: a ministra Cármen Lúcia já assumiu a presidência da Segunda Turma e foi ela quem causou o adiamento, ao colocar o habeas corpus de Lula como último item da pauta de hoje, que incluía 12 ações. O fato de Gilmar Mendes pedir vista novamente é apenas simbólico. (C.N.)
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