Benedito Gomes
Somente os políticos do Piauí, por não terão uma visão macro, para mudarem o foco para outras obras estruturantes de grande porte, continuam insistindo e usando como bandeira política a conclusão do Porto de Luis Correia.Qualquer uma outra pessoa, analisando os fatos de sã consciência, chegará facilmente à conclusão que continuar investindo recursos naquele empreendimento é o mesmo que jogar dinheiro fora.
Sobre o assunto, ouvimos esta semana o contabilista (UFPI) Benedito Gomes, ex-presidente e atual vice-presidente do PMDB Municipal. Ele nos fez um resumo do que sabe, do que tem conversado com experts no assunto e do que pensa sobe o tema:Confira na entrevista abaixo:
B.Silva: – Com sua larga experiência de quem já viveu 7 décadas, o Sr. Acha que ainda é viável o Porto de Luis Correia?
B.Gomes – O Porto hoje é totalmente inviável. Pelo custo, pelo calado que é apenas de 7 metros, e qualquer navio de médio porte tem de 12 a 15 metros de calado. Além do mais, pouco temos para importar e nada para exportar.
B.Silva: – Fala-se que com uma draga o problema seria resolvido. O Senhor concorda com isso?
B.Gomes – Talvez desse certo. Acontece que o aluguel diário de uma draga é em torno de 50 mil reais e para comprar, uma custa cerca de 40 milhões. Para um porto com receita zero…
B.Silva: – Na década de 40 Parnaíba tinha grandes armazéns, alguns dos quais ainda estão aí, deteriorados; havia muita carga para exportação e hoje tudo acabou. Que aconteceu?
B.Gomes: Naquela época tudo o que se produzia no Maranhão e no Piauí vinha pelo rio para Parnaíba. Com a construção das estradas, os caminhões passaram a transportar as cargas para São Luis e Fortaleza. E daí, Parnaíba foi à pique
B.Silva: – E como era feito o processo de importação e exportação no Piauí?
B.Gomes – Tudo vinha através de canoas, barcas e rebocadores. Aqui os produtos eram reembalados e transportados em grandes barcaças por rebocadores até Tutóia, no Maranhão. Lá havia um navio fundeado na baía, e ele recebia as cargas que seguiam de Parnaíba. Para cá eram trazidas mercadorias de outros centros industriais da época.
B.Silva: Quer dizer que no auge da economia de Parnaíba, anos 30, 40 e 50, toda a comercialização era via Porto de Tutóia?
B. Gomes; – Sim, isso já era uma prova da inviabilidade do Porto do Piauí
B.Silva: – Quer dizer que, mesmo que se conclua o Porto, ele está fadado à ociosidade, por falta do que exportar?
B.Gomes – Claro, o Piauí não produz nem o alimento de sua população. Tudo o que consumimos vem de outros Estados. O que temos para Exportar? Um porto precisa de área mínima de 30 hectares concretada, para o pátio e estacionamento de carretas, guindastes e containers. E o Porto do Piauí não tem um único hectare à sua disposição. E há um agravante. Com a vinda da Transnordestina vão dar o tiro de misericórdia. A movimentação toda vai acontecer nos Portos de Suápe, no Recife; Pecém, no Ceará e Itaqui, no Maranhão. Exportar duas carradas de mel ou castanha, é mais barato escoar pelos portos dos Estados vizinhos.
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